MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS - CTG


INTERPOSICAO DE RECURSOS Nº 2 / 2021 - PPGEOCTG (11.65.19)

Nº do Protocolo: NÃO PROTOCOLADO
Recife-PE, 12 de Abril de 2021.

Respostas aos recursos interpostos, entre os dias 9 e 11 de abril de 2021, à Etapa única e ao Resultado Final por candidatos ao Doutorado do Processo Seletivo 2021.1 do PPGEOC/CTG/UFPE.

 

Após análise dos Recursos interpostos, a Comissão de Seleção e Admissão do Processo Seletivo 2020.2 do Programa de Pós-Graduação em Geociências decidiu:

 

O recurso do candidato de número de inscrição D06, solicitando a recontagem das notas atribuídas à Defesa do Pré-Projeto de Pesquisa (DPP) e à Análise Prévia do Pré-Projeto de Pesquisa (APP), foi analisado e indeferido de acordo com o que segue:

 

O candidato D06 alega que “As notas que atribuídas foram: APP = 6,83 e DPP=6,48, por questões de décimos não entrei nesta seleção.”


Resposta: Na verdade não são décimos. Por exemplo, para atingir a média final 7 para aprovação seria necessário o acréscimo acima de 1,5 pontos em APP e também em DPP, o que totalizaria mais do que 3 pontos, e não décimos como afirmou o candidato. É necessário lembrar que os quesitos têm pesos diferentes. O currículo, por exemplo, tem peso 4, e APP e DPP 3.

 

 

O candidato D06 também alega que um dos arguidores sugere que o pré-projeto “não se enquadrava nas linhas do Programa” e que estava “voltado para a conservação”; O candidato D06 também alega o seguinte: “Reitero ainda, que o meu projeto se enquadra na área de concentração “Geologia Sedimentar e Ambiental” e voltada para a linha de “Geologia Aplicada e Patrimônio Geológico”, com docentes que são referências na temática em discussão.


Resposta: A pesquisa, da forma como foi proposta pelo candidato, demonstra muito pouca aderência à Área de Concentração (Geologia Sedimentar e Ambiental), conforme arguido pelos examinadores. Em relação à Linha de Pesquisa (Geologia Aplicada e Patrimônio Geológico), o pré-projeto apresenta um conteúdo ínfimo de geologia. Em relação a este último aspecto, fica claro que o patrimônio geológico está pouco contemplado no pré-projeto, especialmente quando o proponente escreve o seguinte sobre a área a ser pesquisada: “O Vale do Ipojuca, microrregião do Agreste/PE é uma das áreas com grandes elementos da geodiversidade composta por: formações rochosas em formato peculiar, rara beleza e intrigante gênese (a exemplo das marmitas em Brejo da Madre de Deus); ..feições geológicas raras no Nordeste do Brasil (a exemplo de dobramentos – sinformes e antiformes – com dimensões de cerca de 10 metros, impressas em milonitos a ultramilonitos), que podem ser visualizadas em cortes de estrada às margens da BR-232, na Serra das Russas/Gravatá; e...das diversas estruturas sedimentares e formas de relevo diversificadas impressas na paisagem, além dos famosos Brejos de Altitude (a exemplo da Serra dos Cavalos-Caruaru) e outros que possuem valores científicos, educacionais, turísticos e econômicos”. Analisando-se com detalhe esta afirmação, não se entende o que significa e qual o contexto em termos geológicos da expressão “diversas estruturas sedimentares”; além do mais, quando destaca as formas de relevo, isto claramente se constitui em assunto de cunho geográfico e quando menciona os Brejos de Altitude, que constituem enclaves de florestas do bioma Mata Atlântica, está tratando de uma classificação de cunho ecológico. Além dos mais, em termos geológicos o pré-projeto cita apenas 3 dos 16 municípios ilustrados em sua Figura 1.
O pré-projeto apresenta um mapa na página 3 (Figura 1) destacando os municípios a serem estudados e mínima informação geológica. A única informação apresentada em destaque é a distribuição dos “Brejos de Altitude”. A informação geológica é mínima na seguinte frase: “Essas estruturas são resultantes da combinação de variados fatores, como a homogeneidade geológica do Maciço Pernambuco-Alagoas (Complexo Gnáissico-Migmatítico), seu desmembramento do Domínio da Zona Transversal - um dos eixos principais do arqueamento regional - e finalmente sua acomodação interiorana, na parte principal da cimeira do bloco, a montante das áreas escarpadas sujeitas à acentuada dissecação vertical (CORRÊA, et al., 2010).”, pág. 2 do pré-projeto).

 

 

Em outro trecho do recurso, o candidato refere o seguinte “Menciono também, que a área proposta, possui um elevado potencial para o estudo da geodiversidade, uma vez que se diferencia, entre outros fatores, do ponto de vista dos elementos bióticos e abióticos dos demais setores do Estado - PE, através de uma vasta diversidade litológica, geoformas, testemunhos geológicos, paisagens bastante atrativas de beleza cênica correlacionadas a história e cultura local”.


Resposta: Analisando-se em maior detalhe o exposto acima pelo candidato, constata-se que o maior potencial geológico da região está voltado ao pré-cambriano, sendo as rochas sedimentares representadas por depósitos de tanques do Pleistoceno, que não são mapeáveis em escala regional. Outrossim, salienta-se que não há registro de bacias sedimentares no setor do Estado em questão. Comparando-se a região do Vale do Ipojuca, Agreste, com outros setores do Estado, constata-se, por exemplo, que a região litorânea, a Bacia de Jatobá e a Bacia do Araripe (Araripe Pernambucano) apresentam uma geologia muito mais diversificada.

 

 

O candidato levanta uma outra questão: –“Acredito ainda, que minha proposta de pesquisa é viável do ponto de vista econômico (trabalhos de campo, quantificação, validação de dados e etc), de desenvolvimento (adaptação de metodologias, escrita, formatação da tese) e contribuição científica na área de geociências (divulgação da temática, elaboração de medidas para o uso e manejo sustentável, propostas de geoturismo voltadas para a conservação dos elementos da geodiversidade e outros).


Resposta: Como se verifica no item 7 do pré-projeto, a pesquisa não apresenta suporte financeiro de instituição de fomento para seu desenvolvimento. Quanto à metodologia, o candidato refere que seguirá a metodologia de Brilha (2005; 2015). Contudo, como veremos abaixo, a metodologia apresentada no pré-projeto difere claramente da proposta de Brilha (2005; 2015, p.121), que considera as seguintes etapas sucessivas no desenvolvimento da pesquisa: 1) inventário, 2) avaliação quantitativa, 3) conservação, 4) interpretação e promoção, e, por fim, 5) monitoramento de sítios (Brilha 2005). Na página 6 do pré-projeto, o candidato elenca as seguintes etapas sucessivas: 1) Levantamento bibliográfico e cartográfico; 2) adaptação de metodologias para seleção e inventário; 3) Investigações em campo; 4) adaptação e testes de metodologias de quantificação e classificação de dados; e 5) elaboração de proposta de geoconservação para a região. Comparando-se as duas metodologias elas diferem claramente, mostrando que o candidato não adotou a proposta metodológica de Brilha (2005; 2015). Por fim, quanto à contribuição científica alegada pelo candidato na área de geociências, não ficou claro para os examinadores qual seria tal contribuição. A proposta de Tese não ficou demonstrada nem pelo projeto, nem mesmo pela arguição feita pelo candidato. Vale ressaltar que aqui não se discute a importância que a interdisciplinaridade e popularização das geociências proporcionará a população local, bem como a conscientização sobre a importância do patrimônio geológico que será quantificado e classificado neste pré-projeto ora apresentado. O que se espera de uma tese em geociências, em particular em geologia, é a importância da geologia na elaboração e desenvolvimento do projeto de doutorado. Isso não está claro! Como destacado aqui, o pré-projeto apresenta um conteúdo mínimo de geologia, sem relacioná-los com os brejos de altitude que o candidato almeja investigar e inventariar.

 

Desse modo, considerando as respostas ao recurso acima elencadas, a Comissão de Seleção e Admissão do Doutorado não vê razão para modificar as notas do candidato D06. Assim sendo, considera mantidas as notas obtidas na Análise Prévia do Pré-Projeto de Pesquisa (APP) e Defesa do Pré-Projeto de Pesquisa (DPP).

 


Comissão de Seleção e Admissão.

 




(Assinado digitalmente em 12/04/2021 18:17 )
ALCINA MAGNOLIA DA SILVA FRANCA
COORDENADOR DE POS-GRADUACAO - TITULAR
PPGEOCTG (11.65.19)
Matrícula: 1243781
(Assinado digitalmente em 12/04/2021 17:39 )
EDISON VICENTE OLIVEIRA
PROFESSOR DO MAGISTERIO SUPERIOR
DEPGEO (11.65.57)
Matrícula: 2653353



(Assinado digitalmente em 12/04/2021 18:07 )
GELSON LUIS FAMBRINI
PROFESSOR DO MAGISTERIO SUPERIOR
DEPGEO (11.65.57)
Matrícula: 1474289
Processo Associado: 23076.018732/2021-58

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